Marcos 14.54
“Pedro seguiu Jesus de longe e entrou no pátio da casa do Grande
Sacerdote. Ele sentou-se perto do fogo, com os guardas, para se esquentar.”
É possível um cristão motivado,
que anda de perto com Jesus, começar a se distanciar do mestre ao ponto de
negá-lo? Sim, infelizmente isso é possível! O relato da negação de Pedro está
registrado nas Escrituras para, dentre outras coisas, nos advertir sobre essa
possibilidade e risco que todos corremos. Por conta da influência a que estamos
expostos neste mundo, bem como a inclinação da nossa natureza carnal, se não
estivermos vigilantes, é muito provável que adotemos comportamentos que nos
desviarão da presença e da pessoa de Jesus. Hoje estamos inseridos em uma
geração, que a despeito de abarrotarem as igrejas dominicalmente, também desenvolveu
comportamentos próprios de quem nega a Jesus com suas atitudes assim como fez
Pedro. Muitas pessoas que parecem tão próximas de Jesus aos domingos, são as
mesmas que estão muitíssimo distantes Dele no resto da semana, isso é o que eu
chamo de seguir Jesus de longe. Mas não se engane, quem segue Jesus de longe
inevitavelmente sempre o acabará negando.
Passamos a seguir Jesus de longe
quando:
1º lugar – Nos consideramos autossuficientes.
Quando Jesus afirmou que iria ser
traído e que todos iriam abandoná-lo, Pedro veementemente contradisse o mestre
declarando que nunca faria tal coisa e que se preciso fosse, ele daria a
própria vida por Jesus. (Mc 14.29;31)
Triste engano, pouco tempo depois
estava lá o mesmo Pedro afirmando por três vezes que não sabia quem era Jesus!
Como nosso coração nos prega
peças. Eu creio piamente que Pedro estava sendo sincero quando disse a Jesus
que não o negaria, o que Pedro não sabia era que não é bom negócio confiar no
coração, porque invariavelmente ele está infectado pelo vírus da autossuficiência.
A autossuficiência humana tem
nome e sobrenome e atende por ORGULHO, ARROGÂNCIA, SOBERBA, PRESUNÇÃO E
JACTÂNCIA. Foi por conta da presunção de Pedro que o passo seguinte de sua
trajetória foi seguir Jesus de longe!
“A soberba precede a ruína, e a altivez do espírito, a queda.” Provérbios
16.18
Cuidado com o orgulho, pois ele é
o amigo dos tolos. O papa Gregório no final do século sexto classificou os
pecados em sete pecados mortais e o orgulho é o pecado que encabeça a lista.
Ainda que não encontremos na Bíblia um texto específico onde apareça a citação
destes pecados em ordem, no entanto eles são condenados separadamente em muitas
passagens da Escrituras.
Não é coincidência que o orgulho
encabece a lista. Este pecado esteve presente na ruína de Lúcifer, o anjo de
luz (Isaías 14.12-15). A soberba foi o pecado que levou Lúcifer a se
transformar em diabo. Em outras palavras, o orgulho tem o poder de mudar nossa
natureza e nos fazer semelhantes ao diabo.
James Howell disse: O orgulho é
uma flor que cresce no jardim de Satanás.
Nós também encontramos o pecado
do orgulho na tentação e queda do homem.
“Porque Deus sabe que no dia em que dele comerdes se vos abrirão os
olhos e, como Deus, sereis conhecedores do bem e do mal.” Gênesis 3.5
As palavras da serpente
despertaram na mulher, e também no homem, um sentimento maligno, um desejo
orgulhoso de ser igual a Deus.
É impossível falar em orgulho e
não se lembrar do naufrágio do Titanic. Chegaram a dizer arrogantemente que nem
Deus afundaria o navio, mas menos de quatro dias depois de sua partida o navio
afundou em colisão com um iceberg que vitimou 1522 vidas. Desse modo trágico,
encerrou-se um dos capítulos da história do orgulho humano.
Guardem bem as palavras de
Charles H. Spurgeon: O demônio do orgulho nasceu conosco, e não morrerá sequer
uma hora antes de nós mesmos.
Façamos da oração de Davi a nossa
petição:
“Também da soberba guarda o teu servo, que ela não me domine; então,
serei irrepreensível
ficarei livre de grande
transgressão.” Salmo 19.13
2º lugar – Quando não queremos correr riscos.
Pedro passou a seguir Jesus de
longe para não correr nenhum risco. Ele não queria ser diretamente identificado
com Cristo para não correr o risco de ser preso e morto junto com Jesus. Em
outras palavras, ele estava tentando livrar sua pele! Simplificando mais ainda,
ele estava pensando NELE.
“Quando abandonamos a Cristo (sim, porque seguir de longe é o mesmo
que abandonar, aliás, o próprio Jesus falou que eles o abandonariam), sempre estamos fazendo uma troca (no
caso de Pedro, ele abandonou a Cristo para salvar a própria vida). Inevitavelmente, mais cedo ou mais tarde
iremos perder o que trocamos. (Pedro perdeu a vida em uma crucificação). Mas quem prefere Jesus, nunca perde!”
Vejamos o que a Bíblia diz:
“Pois que aproveitará o homem se ganhar o mundo inteiro e perder a
sua alma? Ou que dará o homem em troca da sua alma?” Mateus 16.26
Quando nós não queremos abrir mão
de nada para seguir a Jesus, saiba que mesmo que você esteja fielmente frequentando a uma igreja, isso não lhe servirá de nada, apenas de maior
condenação por conta do conhecimento que você recebe.
Pense nisso, talvez você não
tenha aberto mão de nada por Jesus e o trocado pelo seu trabalho, pelos seus
estudos, pelo seu conforto e interesses pessoais, mas a pergunta que sempre
precisará de resposta é:
Pois que aproveitará o homem se
ganhar o mundo inteiro e perder a sua alma? Ou que dará o homem em troca da sua
alma?
3º lugar – Deixamos de atuar como agentes ativos no Reino de Deus
para sermos meros espectadores.
Pedro passou a seguir Jesus de
longe porque queria acompanhar o desenrolar dos fatos, queria ver o fim da
história. Ele adotou a postura de espectador. Isso também acontece com muita
gente hoje. Muitas pessoas que foram ativas e trabalhavam entusiasticamente no
Reino de Deus, acabam se distanciando tanto da obra que se contentam em viver
um cristianismo contemplativo. Essas pessoas até vão à igreja, mas querem
apenas ouvir e assistir cultos, não querem se integrar e comprometer com nada.
Uma das maiores armas que Satanás
tem usado para fazer com que sigamos Jesus de longe é o DESÂNIMO.
O grande problema do desânimo é
que ele produz apatia/indiferença. Hoje possuímos uma enorme leva de crentes
apáticos que são indiferentes a ação de Deus.
A apatia é tão abominável para
Deus quanto à frieza espiritual.
“Ao anjo da igreja em Laodicéia escreve:
Estas coisas diz o Amém, a testemunha fiel e verdadeira, o princípio
da criação de Deus: 15Conheço as tuas obras, que nem és frio nem quente. Quem
dera fosses frio ou quente! 16Assim,
porque és morno e nem és quente nem frio, estou a ponto de vomitar-te da minha
boca; 17pois dizes: Estou rico e abastado e não preciso de coisa alguma, e
nem sabes que tu és infeliz, sim, miserável, pobre, cego e nu. 18Aconselho-te
que de mim compres ouro refinado pelo fogo para te enriqueceres, vestiduras
brancas para te vestires, a fim de que não seja manifesta a vergonha da tua
nudez, e colírio para ungires os olhos, a fim de que vejas. 19Eu repreendo e
disciplino a quantos amo. Sê, pois, zeloso e arrepende-te. 20Eis que estou à
porta e bato; se alguém ouvir a minha voz e abrir a porta, entrarei em sua casa
e cearei com ele, e ele, comigo. 21Ao vencedor, dar-lhe-ei sentar-se comigo no
meu trono, assim como também eu venci e me sentei com meu Pai no seu trono.
22Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas.” Apocalipse
3.14-22
Quando o galo cantou pela segunda
vez, Pedro lembrou-se do que Jesus havia dito e chorou amargamente. A essa
altura ele já havia percebido que estava seguindo Jesus de longe. O canto do
galo foi um despertador espiritual na vida de Pedro que o fez perceber que ele
não era tudo o que ele pensava ser. Talvez essa mensagem hoje seja o galo
cantando em nossas vidas para que percebamos que não somos tudo o que pensamos
ser. O texto termina com uma expressão sintomática, “E caindo em si, desatou a
chorar”, o que significa dizer que quando adotamos comportamentos dominados
pelo orgulho, egoísmo e indiferença; certamente estamos FORA DE NÓS. Que Deus
nos desperte para deixarmos de seguirmos Jesus de longe e sigamos de perto,
pois quem segue Jesus de longe sempre o acaba negando.
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